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O ministro da Saúde, Nelson Teich, foi pego de surpresa hoje durante entrevista coletiva da pasta, ao saber por um jornalista que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia incluído academias de ginástica, salões de beleza e barbearias entre os serviços considerados essenciais e que, por isso, podem funcionar durante a pandemia do novo coronavírus.

“Saiu hoje?”, reagiu ao ser questionado por um repórter, que queria saber se o Ministério da Saúde concordava com isso e se houve alguma orientação da pasta para a tomada dessa decisão. A entrevista acontecia no momento em que o decreto de Bolsonaro era publicado no Diário Oficial da União.

Aparentando desconforto, o ministro ensaiou uma resposta falando sobre a criação de fluxos que “impeçam que as pessoas se contaminem” desde que sejam atendidos pré-requisitos para que não se exponham a riscos.

“Você pode trabalhar o retorno de algumas coisas. Agora, tratar isso como essencial é um passo inicial”, disse a princípio. “Saiu hoje?”, afirmou interrompendo seu raciocínio. “Não é atribuição nossa, isso aí é uma decisão do presidente”, prosseguiu.

Na sequência, consultou seu secretário-executivo, o general Eduardo Pazuello, e minimizou o fato de não ter sido consultado dizendo que a pasta não opinará sobre a inclusão das áreas como atividades essenciais.

“O que eu acredito é que qualquer decisão que envolva a definição como essencial ou não, ela passa pela
capacidade de fazer isso de uma forma que proteja as pessoas. Mas só pra deixar claro: é uma decisão do ministério da economia, não é nossa”, afirmou.

“Qualquer coisa que é decidida pode ser revista. Existe um diálogo que permite que a gente se posicione se for necessário”, concluiu.

“Fazer o cabelo é questão de higiene”, disse presidente
Ao deixar o Palácio da Alvorada na tarde desta segunda-feira (11), o presidente justificou o decreto publicado em edição
extra do Diário Oficial da União afirmando que “saúde é vida”.

“Academia é vida. As pessoas vão aumentando o colesterol, têm problemas de estresse. [Com as academias] vão ter uma vida mais saudável”, disse. “A questão do cabeleireiro também. Fazer cabelo e unhas é questão de higiene.”

Com a ampliação desta segunda, a lista de atividades definida pelo decreto 10.282, de 20 de março, passa a contemplar 57 setores. No último dia 7, após seguir a pé com empresários e ministros rumo ao STF (Supremo Tribunal Federal) para debater o impacto econômico da pandemia, o presidente incluiu a construção civil e atividades industriais na mesma classificação.

Decisão sobre isolamento cabe a estados e municípios

A publicação no Diário Oficial ocorreu um dia depois de declarar a apoiadores, no domingo, que iria ampliar a lista de setores tidos como essenciais — e que, assim, podem funcionar a despeito das medidas de CE é estado com mais mortes atestadas em 24 h; Brasil chega a 11.519 óbitos

“Vou abrir, já que eles não querem abrir, a gente vai abrindo aí.” A fala é mais uma da série de indiretas que o presidente vem feito, desde o início da pandemia, contra governadores e prefeitos que adotam medidas de isolamento social.

Ainda em março, Bolsonaro anunciou que tinha planos de publicar um decreto liberando o retorno de trabalhadores formais e informais às atividades.

“Estou com vontade de baixar um decreto amanhã. Toda e qualquer profissão legalmente existente ou aquela que é voltada para a informalidade, se for necessária para levar sustento para seus filhos, para levar um leite para seus filhos, arroz e feijão para sua casa, vai poder trabalhar”, disse em 29 de março.

Cerca de duas semanas depois, uma decisão do STF esvaziou os poderes do presidente ao definir que cabe aos governadores e prefeitos a tomada de decisões a cerca de medidas de restrição de circulação para frear as contaminações pela covid-19.

Sem poder para suspender as medidas de isolamento social, o presidente passou, então, a afirmar que ele era “inútil” pois “70% da população vai ser infectada”.

O distanciamento social é defendido pela OMS não por evitar contaminações, mas por desacelerar o contágio e reduzir a pressão sobre os serviços de saúde, dando aos governos “tempo extra” para enfrentar a pandemia.

Fonte: Paraíba Todo Dia

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