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O enfermeiro Anthony Ferrari Penza, conhecido nas redes sociais por divulgar informações falsas sobre a covid-19, morreu ontem no Hospital São José, em Duque de Caxias (RJ), em decorrência de complicações da doença.

Segundo a secretaria de comunicação da cidade localizada na Baixada Fluminense, ele chegou ao hospital no dia 15, transferido de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Cabo Frio, cidade da Região dos Lagos, após a Central de Regulamentação do Estado solicitar a transferência dele.

O UOL apurou que o leito foi liberado para o paciente no dia 14 às 18h10, e ele chegou à unidade no dia seguinte às 21h com 75% do pulmão comprometido. Um dia após sua chegada, ele foi intubado, mas morreu ontem, às 22h30.

O hospital São José em Caxias dispõe de 128 leitos para tratamentos de pacientes exclusivamente infectados pelo novo coronavírus.

Nas redes sociais, a mulher dele, Natalia Comam Ferrari, lamentou a morte do marido.

“Hoje Deus levou o amor da minha vida, o que ficou foi uma grande dor e saudade dessa pessoa que tanto lutou pelo próximo. Seus feitos vão ficar para sempre e tenho certeza que o céu está em festa”, disse Natalia.

Nos últimos meses, Penza publicou vídeos afirmando que não iria tomar vacina devido à pressa com que ela era produzida e defendia ainda o uso de ivermectina no combate à doença. A OMS já descartou o uso do medicamento no tratamento contra a covid, já que não há qualquer comprovação científica.

Nas redes sociais, o enfermeiro chegou a dizer que estados e municípios estavam escondendo leitos da população sem apresentar provas. Penza também criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O Coren-RJ (Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro) abriu um processo ético contra o enfermeiro para solicitar a cassação do registro profissional. A denúncia foi encaminhada para o Conselho Federal de Enfermagem e ainda não havia sido julgada.

Em dezembro, o Comprova mostrou que o enfermeiro errou ao divulgar, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, que o médico João Pedro Rodrigues Feitosa, voluntário no ensaio clínico da vacina de Oxford, morreu sendo “vítima da vacina”. De acordo com o atestado de óbito do jovem, obtido pelo Comprova, ele morreu em decorrência de uma pneumonia viral causada pela covid-19.

O enfermeiro ainda afirmava no vídeo verificado pelo Comprova que os adjuvantes da vacina, substâncias que buscam melhorar sua eficácia, poderiam causar Alzheimer, doença degenerativa que afeta a memória, e fibromialgia, que causa dor e fadiga. A afirmação é enganosa, já que não existem indícios científicos que indiquem que as vacinas e os adjuvantes causem qualquer uma das duas doenças, como explicou o pesquisador Rafael Dhália, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Até o momento, não foram relatados efeitos colaterais graves nos 57 mil voluntários (10 mil deles no Brasil) que receberam a vacina de Oxford.

Na época, Penza alegou ao Comprova que não era contra a vacina ou contra os testes da vacina, mas que era “contra não avisar as pessoas que elas estão sendo testadas” e contra a “obrigatoriedade” dos testes. Na verdade, nenhuma pessoa é obrigada a participar dos testes e todos que participam são voluntários e assinam um termo reconhecendo a participação.

Em relação aos efeitos colaterais, ele voltou a afirmar que os artigos científicos mostram que os adjuvantes podem provocar Alzheimer. Porém, quando o Comprova pediu para que ele enviasse os artigos que supostamente comprovariam a afirmação, ele deixou de responder.

Anthony Ferrari Penza, nascido no Rio de Janeiro, tinha 45 anos e foi candidato a vereador no município de Cabo Frio em 2020, recebeu 164 votos e não se elegeu. Segundo seu currículo Lattes, na plataforma CNPq, ele fez sua formação no curso de Enfermagem na Universidade Veiga de Almeida, em 2014. Entre 2014 e 2016, cumpriu especializações na área medicinal. Ainda conforme a plataforma Lattes (com última atualização registrada em 06/03/2018), Penza atuou em diversos hospitais da região.

O enfermeiro também esteve em outras duas verificações feitas pelo Comprova. Em uma delas, ele afirmava que o recebimento de verbas pelos hospitais estava atrelado ao número de óbitos. Essa informação é falsa. Na outra, ele distorceu dados de estudos científicos para afirmar falsamente que a ivermectina, medicamento usado contra vermes e parasitas, seria eficaz contra o novo coronavírus.

Fonte: Primeiras Notícias

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