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A Imprensa está de luto. O jornalista Francisco José Ferreira, 69 anos, morreu na tarde desta quinta-feira (25), na Clínica Santa Clara, em Campina Grande. Ele sofreu um acidente doméstico e foi levado para a unidade hospitalar, mas não resistiu. A família ainda não informou onde será o velório e sepultamento.

 Natural do Crato, no Ceará, Chico José, como era mais conhecido, foi morar  em Campina Grande, onde militou na Imprensa por mais de quatro décadas. Numa entrevista ao Coletivo F8, em agosto de 2021 ao jornalista Francisco Marques de Souza, Chico José sublinha: “O destino quem me trouxe. Hoje eu me considero metade paraibano. Quando saio, sinto saudades e já quero voltar. Cheguei com nada, e Campina me deu bens materiais, família, bons empregos”.. .

Chico José trabalho em rádios no Ceará. Na Paraíba, atuou nos jornais Correio da Paraíba, A União, Diário da Borborema e Jornal da Paraíba, além da Rádio do Paraíba (UEPB) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-CG). Também foi professor da UEPB.

Veja abaixo a reportagem do Coletivo F8 com Chico José

Chico José: notícia e emoção em décadas de atuação no jornalismo

“O Globo no ar!”. Era ao som dessa vinheta, que ecoava pelo país nas ondas da Rádio Globo, que o menino Chico, no interior do Ceará, sonhava com um futuro “no ar” enquanto alimentava a sua grande paixão: a notícia. Do Ceará a Paraíba, o jovem tímido construiu carreira e reputação. O Coletivo F8 visitou a casa de Francisco José Ferreira, atualmente repórter da Rádio Correio, e desbravou a intimidade de um dos jornalistas mais respeitados do estado.

Nascido no Crato, cariri cearense, a primeira lembrança da adolescência de Chico era uma passagem diária, quase que um ritual, da escola para uma rádio, que ficava no mesmo bairro da cidade em que morava.

“O estúdio da radio ficava bem visível. Eu ia só pra ver o locutor trabalhando. Eu tinha fixação”, recorda.

Do encanto à realidade, não demorou para Chico entrar de vez nesse mundo. E foi na Rádio Araripe, onde ele havia feito um teste, e ficado em segundo lugar. Com a saída do primeiro colocado, que assumiu um programa em outra rádio, ele preencheu a vaga e confirmou no coração o desejo em se tornar comunicador. “Na estreia, eu compareci muito emocionado, era o meu primeiro emprego na área”, afirma.

A máquina de escrever, sua companheira por tantos anos, é um presente que até hoje ele guarda com carinho e cuidado. O equipamento é fruto das jornadas exaustivas no rádio cearense. “Eu estava sobrecarregado, trabalhava 16h por dia. Eu pedi que me comprassem uma máquina para que eu usasse em casa. Na minha saída, me presentearam”, comentou Chico, que mesmo citando a jornada exaustiva, abre um sorriso. “Era sensacional”.

O rádio escuta que Chico fazia durante a madrugada, para produzir o noticiário do dia seguinte, rendia grandes histórias. Em 1978, na morte do Papa João Paulo I, foi do então iniciante o furo de reportagem na região.

“Eu tava com o rádio ligado, e o gravador na pausa. Quando por volta de 3h da madrugada, anunciaram a morte do papa. Quem naquela hora estava ligado na Globo? Só postos de gasolina e caminhoneiros. Conseguimos dar em primeira mão para a região aquela notícia”, lembra.

Nas fotos em que segura as páginas do Jornal Correio da Paraíba, do sistema onde viveu boa parte de sua carreira profissional, Chico recorda que quase foi levado para o direito. “Na época, eu também tinha simpatia pelo curso, ainda fiz o vestibular da Federal do Ceará, mas não fui aprovado”, recorda. Uma negativa que possibilitou a Chico o retorno para o interior e suas primeiras oportunidades no rádio.

De personalidade forte, o cearense aparenta uma figura séria, com alguns cabelos grisalhos, e roupa sempre bem passada. O lado emotivo aparece quando perguntado sobre Campina Grande.

“O destino quem me trouxe. Hoje eu me considero metade paraibano. Quando saio, sinto saudades e já quero voltar. Cheguei com nada, e Campina me deu bens materiais, família, bons empregos”, comemora.

Os bons empregos citados por Chico José é uma referência ao seu currículo. O jornalista, que hoje produz reportagens para a Rádio Correio e para o Jornal A União, já esteve à frente da redação dos principais jornais do estado, como Diário da Borborema, Jornal da Paraíba, e o próprio Jornal Correio da Paraíba. Chico passou também pela assessoria da Universidade Estadual (UEPB).

Quando termina o expediente e chega em casa, o cearense é um historiador. “Sou apaixonado por história, lugares, pesquiso muito sobre algumas guerras. E também gosto muito de séries”, comenta. Apreciador de vinhos sempre acompanhado por músicas, o jornalista interrompe para uma crítica.

“Eu não gostava de músicas que eram só pra dançar. Me identifiquei muito como que foi apresentado no 3º Festival de Música da TV Record”, analisa Chico, em alusão a um festival da emissora paulista que lançou canções como “Ponteiro”, de Edu Lobo, “Roda Viva”, de Chico Buarque e “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso. “Passavam um recado, tinham propósito”, celebra o repórter, se referindo a letras que passavam mensagem de protesto ao Regime Militar de 1964.

Entre páginas do impresso e máquina de escrever, convidamos Chico a definir o que representa toda essa caminhada, em meio a desafios e o deleite de estar “no ar” há tantos anos, como sempre sonhou. “Sabor de realização pessoal, profissional e aventura. Eu olho para o retrovisor e vejo que me realizei como ser humano”, afirma.

 FICHA TÉCNICA

Texto, Fotografias e Pós-produção: Francisco Marques de Souza, especial para o Coletivo F8.

Supervisão editorial: Rostand Melo

Fonte: Blog do Manso

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