Uma vacina em spray nasal contra a Covid-19 desenvolvida por pesquisadores brasileiros já está em fase de testes em animais. A informação é de Daniela Santoro, professora de imunobiologia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e uma das responsáveis pela pesquisa.
O spray se diferencia dos imunizantes em uso no Brasil porque sua aplicação seria pelo nariz e não intramuscular. A ideia dos pesquisadores é induzir a produção de um anticorpo do tipo IgA (Imunoglobulina A) nas mucosas, como a boca e o nariz — por onde ocorre o contágio. Se der certo, o organismo seria capaz de impedir ou reduzir consideravelmente os efeitos de uma infecção pelo novo coronavírus.
Daniela explica que os primeiros resultados do estudo são promissores. “A gente está fazendo testes em animais, e a gente vê que depois que a gente aplica esse spray nasal nos animais, no caso os camundongos, eles produzem essa resposta imune de anticorpos locais. Esse é o objetivo da vacina e é isso que a gente está testando”, pontua.
Vantagem
A facilidade de aplicação é tida como a vantagem principal da vacina em spray. Dessa forma, não seria necessário ir ao posto de saúde para receber o imunizante. Seria possível receber a vacina na farmácia ou mesmo fazer uma autoaplicação, seguindo, é claro, as orientações dos responsáveis pelo estudo.
No longo prazo, e com uma produção em massa, a imunização via spray poderia sair mais barata do que uma dose das vacinas em uso. Os estudos ainda vão responder algumas questões, como a quantidade de aplicações e o intervalo entre elas, além da eficácia em seres humanos.
A imunobiologista diz que se as próximas etapas do estudo derem certo, os pesquisadores pretendem submeter toda a documentação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o começo do ano que vem. O desejo é que a vacina esteja disponível até o fim de 2022.
Eficácia
Os pesquisadores já descobriram que além de induzir uma resposta de anticorpos do tipo IgA, a vacina em forma de spray gera uma resposta celular por meio dos linfócitos T. A professora da Unifesp esclarece porque isso é importante. “Quando o vírus infecta uma célula, por exemplo, do epitélio pulmonar, esse linfócito é capaz de reconhecer essa célula que está infectada e matar. Então, a ideia da nossa vacina é induzir anticorpos e células T, linfócitos específicos para o vírus”, detalha.
Tecnologia
A vacina em spray também é diferente das demais por causa da tecnologia empregada. A CoronaVac, por exemplo, foi construída a partir do vírus inativado. Já a vacina da AstraZeneca utiliza um adenovírus (outro tipo de vírus) modificado. Em ambos os casos, o objetivo é o mesmo: proteger o corpo de uma infecção. O spray nasal é um imunizante de “terceira geração”, pois usa pedaços do vírus, tecnologia semelhante à empregada na vacina da Hepatite B.
Quando os estudos começaram, os pesquisadores utilizaram pedaços do vírus inicial, chamado de vírus de Wuhan. Com o surgimento das variantes do novo coronavírus, como a delta e a gama, eles ampliaram a estratégia. “O que a gente está elaborando agora é justamente fazer pedaços do vírus com a sequência dessas variantes. Digamos assim: agora a gente fez uma formulação que tem um pedaço do vírus da cepa original, mas também tem um pedaço do vírus da variante. Ainda precisamos testar se essa ideia realmente vai funcionar”, diz a pesquisadora.
Além da Unifesp, a pesquisa conta com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Covid-19 no Brasil
O Brasil registrou 13.406 casos e 731 óbitos por Covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com a mais recente atualização do Ministério da Saúde. Ao todo, mais de 21 milhões de brasileiros foram infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. O número de pessoas que morreram pela doença no País é de 587.797.
A média móvel de mortes, que leva em conta os óbitos dos últimos sete dias, é de 518. Ainda segundo o Ministério da Saúde, 20,1 milhões de brasileiros se recuperaram da Covid-19. Outros 323 mil estão em acompanhamento.
A taxa de letalidade média do Brasil é de 2,8%. O Rio de Janeiro é o estado com o indicador mais elevado entre as 27 unidades da federação: 5,52%. Em seguida estão São Paulo, Amazonas e Pernambuco, todos com o índice acima dos três pontos percentuais.
Taxa de letalidade nos estados
- Rio de Janeiro – 5,52%
- São Paulo – 3,43%
- Amazonas – 3,22%
- Pernambuco – 3,18%
- Maranhão – 2,87%
- Pará – 2,82%
- Goiás – 2,74%
- Alagoas – 2,59%
- Ceará – 2,58%
- Paraná – 2,58%
- Minas Gerais – 2,56%
- Mato Grosso – 2,55%
- Mato Grosso do Sul – 2,55%
- Rondônia – 2,46%
- Rio Grande do Sul – 2,43%
- Piauí – 2,19%
- Bahia – 2,17%
- Sergipe – 2,16%
- Espírito Santo – 2,16%
- Distrito Federal – 2,12%
- Paraíba – 2,12%
- Acre – 2,07%
- Rio Grande do Norte – 1,99%
- Tocantins – 1,68%
- Santa Catarina – 1,63%
- Amapá – 1,60%
- Roraima – 1,55%
Os números têm como base o repasse de dados das Secretarias Estaduais de Saúde ao órgão. Acesse as informações sobre a Covid-19 no seu estado e município no portal brasil61.com/painelcovid.
Fonte: Brasil 61