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Número de sindicalizações apresenta queda desde 2014, mas foi em 2018 que o país perdeu o maior número de trabalhadores associados a sindicatos. Em 2019, país atingiu a menor taxa de sindicalizados

O número de trabalhadores associados a sindicatos trabalhistas teve queda de 21,7% desde a reforma trabalhista, ocorrida em 2017. Isso corresponde a um contingente de, aproximadamente, 2,9 milhões de profissionais que, em três anos, cancelaram a adesão à respectiva entidade de classe. É o que apontam os dados divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A reforma trabalhista foi aprovada em julho de 2017. Até então, todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, eram obrigados a pagar, uma vez por ano, uma contribuição ao sindicato de sua respectiva categoria profissional. Com a mudança legislativa, tal obrigatoriedade foi derrubada.

A queda no número de sindicalizados já vinha ocorrendo desde 2014, mas foi em 2018 que ela ocorreu de modo mais expressivo – 1,5 milhão de trabalhadores cancelaram a adesão ao sindicato naquele ano. Em 2017, quando ocorreu a reforma trabalhista, houve redução de 432 mil sindicalizados no país.

“Tudo leva a crer que [a queda do número de sindicalizados] se acentuou com a reforma trabalhista”, avaliou a gerente da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy.

Queda na sindicalização ocorre desde 2014, e se acentuou com a reforma trabalhista Arte: G1

Em 2019, quando foi realizado o último levantamento do IBGE, o país perdeu mais 951 mil trabalhadores sindicalizados. Com isso, a taxa de sindicalização ficou em 11,2%. Em 2012, penúltimo ano em que a adesão a sindicatos apresentou crescimento, essa taxa era de 16,1%.

“A maior queda [do contingente de sindicalizados] foi em 2018. Em 2019 houve uma suavização da perda, mas ela ainda persistiu”, enfatizou a pesquisadora.

Sindicalização não acompanha a ocupação

A gerente da pesquisa apontou que, em 2019, houve aumento de 2,5% no número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho, com acréscimo de 1,1 milhão no número de trabalhadores com carteira assinada. Este o maior crescimento anual da ocupação observado desde 2013. Todavia, esse movimento não reverteu a queda da sindicalização no país.

“Há uma tendência de recuperação da população ocupada, mas a sindicalização, pelo contrário, vem perdendo contingente. Isso nos leva a crer que, ainda que tenha havido expansão do número de ocupados, ela não foi suficiente para reverter a tendência de queda da sindicalização”, disse.

Queda da sindicalização em todas as regiões

O IBGE destacou que todas as grandes regiões do país tiveram redução do número de sindicalizados entre 2018 e 2019.

Em números absolutos, a região Sudeste foi a que mais perdeu sindicalizados – 354 mil a menos que o registrado em 2018, o que corresponde a 37,2% do total de sindicalizações perdidas no país neste período.

Já em termos percentuais, foi a região Centro-Oeste que mais perdeu sindicalizados – 14,4%, o que corresponde a 115 mil trabalhadores a menos ligados a sindicatos.

Atividade rural alcança a maior taxa de sindicalização

Dentre dez ramos profissionais investigados pelo IBGE, apenas o relacionado a atividades rurais registrou aumento da taxa de sindicalização na passagem de 2018 para 2019.

O percentual de trabalhadores em agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura passou de 19,1% para 19,4% no período. Todavia, permaneceu muito abaixo do registrado em 2017, quando ocorreu a reforma trabalhista, que era de 21,1%.

“Essa atividade possui participação importante dos sindicatos de trabalhadores rurais, muitos deles de pequeno porte da agricultura familiar, o que eleva a cobertura sindical dessa atividade, principalmente nas Regiões Nordeste e Sul”, apontou o IBGE.

Pela primeira vez, taxa de sindicalização dos trabalhadores rurais supera funcionários públicos – Foto: G1

Esta foi a primeira vez que a taxa de sindicalização entre os trabalhadores rurais superou a dos funcionários públicos, categoria que, até então, sempre manteve os maiores percentuais de trabalhadores associados a entidade sindical.

Quanto maior o nível de instrução, maior a taxa de Sindicalização

O IBGE observou, ainda, que a taxa de sindicalização aumenta de acordo com o nível de instrução do trabalhador.

Em 2019, dos 10,6 milhões de trabalhadores sindicalizados, 67,3% (7,1 milhões) tinham pelo menos o ensino médio completo, enquanto 31,7% (3,4 milhões) tinham ensino superior completo. Apenas cerca de 1% (aproximadamente 100 mil) não chegaram a concluir o ensino fundamental.

A taxa de sindicalização entre os trabalhadores sem instrução ou com ensino fundamental incompleto era de 10,4%. Entre os que tinham ensino fundamental completo e médio incompleto, ela era de 7,1% – a menor entre todos os níveis de instrução.

Entre os trabalhadores com ensino médio completo e superior incompleto, a taxa chegava a 10%. Já entre os profissionais com ensino superior completo, a taxa era de 17,3%.

O IBGE destacou, também, que a taxa de sindicalização dos homens (11,4%) era maior que a das mulheres (10,9%) em 2019. Só no Nordeste a diferença se inverteu, sendo a taxa entre elas de 13,7% e entre eles de 12,1%.

Fonte: G1

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