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A ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) chorou nesta 4ª feira (10.abr.2019) na CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados após a deputada Érika Kokay (PT-DF) citar o caso em que a ministra afirmou que viu Jesus “subir em pé de goiaba”.

O caso se trata de um depoimento de Damares em um congresso evangélico no qual ela, que sofreu abusos sexuais na infância, disse que aos 10 anos ia se suicidar em 1 pé de goiaba, mas desistiu ao ver Jesus.

Damares foi convidada a prestar esclarecimentos nesta 4ª feira (10.abr.2019) à Comissão de Direitos Humanos sobre o funcionamento de 12 conselhos, comitês e comissão ligados ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Ao falar na comissão, em crítica à atuação do ministério, Kokay questionou Damares sobre o funcionamento do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), instância máxima de formulação, deliberação e controle das políticas públicas para a infância e a adolescência na esfera federal.

“Como é possível, ministra, que nós não tenhamos em pleno funcionamento um órgão como o Conanda? Porque nem todas as meninas vítimas de violência podem ser salvas por um Jesus na goiabeira, nós precisamos de políticas públicas”, disse.

Após a declaracão de Érika Kokay, diversos deputados reconheceram a ministra como uma “guerreira” por ter superado a violência na infância.

Ao fim do debate, Damares respondeu a deputada e disse que o conselho está em funcionamento, mas “atrasou em questão dias” as reuniões do grupo de trabalho. A ministra também disse que não esperava a ironia da deputada.

“Eu não posso me omitir, eu não posso me silenciar, Jesus realmente apareceu no pé de goiaba pra mim. E a forma como a senhora falou em um primeiro momento machucou muito essa ministra. Eu senti que a senhora falou de uma forma irônica, a senhora zombou, mas a senhora não zombou somente de uma menina, zombou de milhares de meninas do Brasil. Quem passou pelo calvário que eu passei sabe o que é sentar no colo de um abusador. E eu esperava, deputada, de todo mundo, menos da senhora que é uma psicóloga”, afirmou.

Em resposta, a deputada disse que ao citar o caso quis demonstrar seu posicionamento contra a assistência religiosa como único apoio a quem sofre violência sexual.

“Eu me solidarizo com a sua dor e com a de milhares de crianças, mas digo que, [além da]assistência religiosa –ainda que seja fundamental, pois eu não duvido que a senhora tenha encontrado a sua salvação–, é preciso ter um plano de enfrentamento à violência sexual que atinge as crianças, 1 plano que contemple todas as políticas públicas”, disse Érika Kokay.

Assista abaixo ao momento em que Damares chora. No momento, o deputado Julian Lemos (PSL-PB) fala sobre o comentário de Érika Kokay:

ESCLARECIMENTOS SOBRE OS CONSELHOS

O pedido dos esclarecimentos foi feito pela procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat. O debate foi solicitado pelos deputados Patrus Ananias (PT-MG) e Nilto Tatto (PT-SP).

Em 3 de março, uma reportagem do jornal Estado de São Paulo apontou uma possível paralisação e esvaziamento dos conselhos e comissões ligados ao governo federal.

Segundo o jornal, a pasta que está sob o comando de Damares concentra o maior número de órgãos paralisados e esvaziados. Além disso, houve extinção de conselhos e alteração nas regras de representatividade de instâncias ligadas aos ministérios da Cidadania e Agricultura.

Na comissão, a ministra negou que os conselhos estejam sem funcionar.

Fonte: Poder360

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